Após anos de evolução espiritual cheguei àquele ponto em que já me causa alguma impressão e surpresa a tendência habitual das pessoas em olhar os outros analiticamente identificando o que gostam e o que não gostam no outro.
Em geral as pessoas sentem atracção e desejo pelo que gostam no outro e aversão ou mesmo raiva pelo que não gostam.
Nessa forma de viver as relações com os outros, todos os condicionamentos e rótulos mentais conduzem o comportamento face ao outro.
A teimosia de um ama a falta de capacidade de argumentação do outro. O orgulho exacerbado de um ama o complexo de inferioridade do outro.
Todos esses condicionamentos mentais constituem um casamento entre carências e medos.
É por isso que o ódio está a um passo do amor como ensina a sabedoria popular.
Dito de outra forma , é a teimosia que leva a que se goste do outro enquanto ele não nos confronta.
É o orgulho que leva a que se goste do outro enquanto ele não o destrói.
É o medo que conduz a que se goste enquanto o outro nos mantém seguros e confortáveis.
O resultado deste tipo de gestão mental dos relacionamentos é que as pessoas ficam prisioneiras uma da outra numa relação que apraz e aquece no início mas que ficará cada vez mais fria e dolorosa com a acção implacável do tempo.
O ideal é assumir e reconhecer que o tempo mudará inevitavelmente essa percepção aprazivel de uma relação gerida dessa forma dualista e analitica , em que nos comportamos face ao outro em função daquilo que nele gostamos e não gostamos.
Devemos evitar congelar o outro nesses condicionalismo mentais egóticos que leva a que o valorizemos enquanto ele não nos confronta ,não fere o nosso orgulho , e enquanto ele nos mantém seguros e confortáveis.
A proposta que deixo é praticarem a capacidade de amar respeitando a forma de ser como do outro tal como gostariam que o outro respeitasse a nossa forma de ser.
Chamo a isso amar a liberdade do outro com a nossa liberdade.
E sabem qual é o resultado prático da aplicação deste principio nas relações?
É que quando respeitamos a liberdade de ser do outro evitando a tentação de o tornar o nosso «alter ego» , formatando-o à medida do nosso orgulho , da nossa forma de ver as coisas e de conduzir a nossa vida , acabamos por perceber que a nossa simples presença na sua vida acaba por ser , de forma serena e natural , uma espécie de referência , de matriz de comportamentos alternativos ao dispor do outro , que aquele pode adoptar sem sentir qualquer espécie de pressão ou constrangimento para o fazer.
Todos sabemos que numa relação se pode restringir as emoções, pensamentos e até os movimentos corporais do outro somente com um olhar.
Eu prefiro que os parceiros se ampliem um ao outro , que se expandam em liberdade , abrindo espaço para que um com o outro sejam algo que nunca tiveram a possibilidade de ser.
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